quarta-feira, 24 de abril de 2013

Porque quero distância de alguns?


Porque quero distância de alguns



Por Hermes C. Fernandes

 "Para criar inimigos, não precisa declarar guerra... basta dizer o que pensa!" 
Martin Luther King, Jr.

Quando comecei meu ministério há quase 26 anos, não poderia imaginar que colecionaria desafetos. Como alguém poderia tornar-se meu inimigo se tudo quanto almejava era servir a Deus dedicando-me aos meus semelhantes? 

Porém, aos poucos, eles foram surgindo (ou, se revelando).

Os primeiros que tive eram de fora. Vizinhos que reclamavam do som da igreja. Teve um que entrou bêbado durante um culto portando uma arma, vociferando que queria me matar. Eu tinha acabado de subir ao púlpito. Fechei os olhos e comecei a orar. Uma de nossas obreiras avançou nele, tirou-lhe a arma e o colocou para fora. 

Cresci sabendo que sofreria hostilidade de alguns de fora. Foi assim com meu pai e certamente não seria diferente comigo. Quantas vezes tivemos nossa casa apedrejada enquanto dormíamos! Numa das vezes eu e meus irmãos acordamos com um paralelepípedo próximo da cabeça de um de nós. Outras vezes tivemos o carro apedrejado na rua vizinha à igreja. Até aí, tudo bem...

Mas jamais poderia supor que encontraria 'inimigos' dentro da própria igreja.

Alguns movidos por inveja, outros por discordância doutrinária ou administrativa. Achava que, como cristãos, poderíamos discordar numa ou noutra coisa, porém, mantendo o respeito recíproco. Nada de acusações levianas, suspeitas infundadas, ataques pessoais ou coisa parecida. 

Em vez disso, deparei-me com pessoas que mais pareciam agentes inimigos infiltrados, munidos de todo tipo de arma carnal, cujo propósito era minar nossa credibilidade e destruir o que com tanto sacrifício foi edificado.

Nesses casos, sempre preferi perdoar. Com isso, a hemorragia estancava, porém, a ferida mantinha-se aberta por muito tempo. Qualquer novo ataque abria-a novamente e a fazia sangrar. Para evitar isso, resolvi tomar outra medida além do perdão: distanciar-me. Com isso, impeço que a ferida volte a inflamar-se. Faço coro com Davi: os que usam de engano, quero-os bem longe de mim. 

Nunca saí em defesa própria. Não me atreveria a dispensar meu Advogado Fiel. A Ele confio todas as minhas causas.

Porém, tenho me tornado cada vez mais criterioso na escolha daqueles que desfrutam de minha amizade. Acabo pagando um alto preço por isso, isolando-me, preferindo a solicitude à companhia. 

Sei que há amigos circunstanciais que a qualquer instante poderão nos abandonar ou mesmo tornarem-se desafetos. Quando se ocupa uma posição de liderança que, em tese, nos confere poder de fazer o bem ou o mal a alguém (em outras palavras, promover ou rebaixar), somos cercados de pseudoamigos. Basta que não correspondamos às suas expectativas e logo saem atirando para todo lado, tentando nos denegrir.

Outros ficam à espreita, afoitos por flagrar-nos num único deslize para que justifiquem sua insurreição.

Devo confessar que muitas vezes me precipitei ao ordenar alguém ao ministério. Gente que só queria se locupletar, mas que, tão logo receberam 'autoridade', insurgiram-se e revelaram seu verdadeiro caráter.

Hoje, estou mais criterioso do que nunca. Não basta carisma. Tem que ter caráter. Não basta formação acadêmica. Tem que ser forjado no campo de batalha. 

Cansei de obreiros fraudulentos. Elogios e bajulações não vão comprar minha amizade e confiança. Quem lhe paga o almoço hoje vai querer cobrar favores amanhã. Toda cautela é necessária. 

Já vi casos de pastores que quando souberam que receberiam uma contribuição financeira significativa, trataram de romper imediatamente com a sua denominação a fim de não precisarem prestar contas dela. Os tais pensam que passaram incólume, porém, Deus conhece todas as coisas e faz com que venham à tona na hora certa. 

O que mais me incomoda nisso tudo são os efeitos colaterais. Uma pessoa honrada pode deixar nosso círculo sem qualquer alarde. Mas nem todos são honrados. Alguns querem prejudicar a obra e para tal, não poupam o rebanho. Gente inocente acaba por deixar-se seduzir pelos tais. Calúnias são engendradas. Insinuações são lançadas ao ar. E quem não conhece a verdade compra qualquer versão que lhes é apresentada.

O que me consola é saber que todos terão que prestar contas a Deus. Os fins não justificam os meios. Não vale mentir achando que isso resultará num bem maior. Não vale ser covarde. Mais cedo ou mais tarde, a verdade virá à tona. 

Quanto a mim, entrego-me Àquele que julga retamente e ao meu Advogado.

Nem precisam me pedir perdão. Já os perdoei. Peçam perdão a quem seguiu às suas dissoluções. Arrependam-se antes que venha o Senhor e lhes peça conta, tim-tim portim-tim. Deus é amor! Mas não é condescendente com os erros de ninguém. 

Sei que sempre teremos inimigos por perto... E devemos estar prontos a convidá-los a tomar assento na mesa que o Senhor houver preparado para nós. Todavia, aqueles que se diziam amigos e se revelaram falsos, prefiro-os distantes. Talvez assim a ferida um dia cicatrize. Enquanto isso, proponho-me a enviar-lhes  quentinhas com o que Deus tem me concedido em Sua misericórdia. Aliás, acho que é isso que tenho feito aqui no blog... Alguns que antes sentavam-se à mesa comigo, hoje se alimentam por aqui.

Fonte:http://www.hermesfernandes.com/2013/04/porque-quero-distancia-de-alguns.html

Que o SENHOR tenha misericórdia de nós! AMÉM!

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