terça-feira, 18 de junho de 2013

Montanismo e Pentecostalismo!

Montanismo e Pentecostalismo




Sobre o autor: Paulo Romeiro, ordenado pastor pela Igreja Evangélica Assembleia de Deus nos EUA, mestre em teologia pelo Gordon-Conwell Theological Seminary e doutor pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor de pós-graduação na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Fundador da Igreja Cristã da Trindade, uma denominação de confissão pentecostal/arminiana em São Paulo (SP).









Montanismo e Pentecostalismo
Desafios e Propostas para o Ministério dos Dons Espirituais

O movimento pentecostal moderno surgiu no início do século XX,  nos Estados Unidos. Os adeptos do pentecostalismo enfatizavam o batismo com (ou no) Espírito Santo como um revestimento de poder subseqüente à conversão e o falar em línguas estranhas como a evidência inicial desse batismo. Outros dons ou manifestações sobrenaturais passaram a fazer parte das reuniões pentecostais, tais como, as curas físicas, profecias, dons de realizar milagres, de discernimento e outros. 

Os pentecostais defendem tais crenças e práticas com base no segundo capítulo do livro de Atos dos Apóstolos, onde os apóstolos, Maria – a mãe de Jesus – e vários discípulos (cerca de 120 ao todo), instruídos pelo Mestre, ficaram reunidos num cenáculo em Jerusalém esperando a vinda do Espírito Santo prometida por Jesus. No quinquagésimo dia depois da Páscoa, após esperar por dez dias, a promessa de Jesus cumpriu-se. Lucas descreveu assim o evento:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.
Quanto à origem do termo Pentecostes, o Dicionário Bíblico informa:
Em Levítico 23:16,  a Septuaginta empregou o termo pentêconta hêmeras como a tradução do hebraico hªmishshïm yom, “cinqüenta dias”, referindo-se ao número de dias partindo da oferta do molho de cevada, até ao início da Páscoa. Ao qüinquagésimo dia era a Festa de Pentecoste.Visto que o tempo assim escoado era de sete semanas, era chamada de hagh shabhu´ôth, ‘festa das semanas’  (Ex 34:22; Dt 16:10). Assinalava o término da colheita da cevada, que tinha início quando a foice era lançada pela primeira vez na plantação (Dt 16:9), e quando o molho era movido ‘no dia imediato ao sábado’ (Lv 23:11, 12a). É festa igualmente chamada de hagh haqqãçïr, ‘festa da colheita’ e de yôm habbikkürïm, ‘dia das primícias’ (Ex 23:16; Nm 28:26). Essa festa não se limitava aos tempos do Pentateuco, mas sua observância é indicada nos dias de Salomão (2 Cr 8:13), como o segundo dos três festivais anuais (cf. Dt 16:16).
Para responder à pergunta sobre o que seria o fenômeno (At 2: 12) e refutar a sugestão de que estivessem embriagados, Pedro citou a profecia de Joel 2:28-32: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra; sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2:17-21). Ao longo da história, o pentecostalismo justifica as manifestações de glossolalia e outras relacionadas com fenômenos sobrenaturais citando uma variedade de textos bíblicos (Atos 2:16-21; 10:44-46; 19:6; 1 Co 12:10).

A manifestação dos dons espirituais não esteve restrita ao livro de Atos dos Apóstolos. Em sua pesquisa para a tese de doutorado na Universidade de St. Andrews, na Escócia, Ronald Kydd investigou e constatou a prática dos dons espirituais nos três primeiros séculos da Igreja Cristã. Kydd analisou vários documentos da Igreja primitiva, começando com o Ensino dos Doze Apóstolos, conhecido como a Didaqué. Os escritos dos pais da Igreja também foram examinados, entre eles Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, o Pastor de Hermas, Justino o Mártir, Irineu, Euzébio de Cesáreia, Hipólito, Novaciano, Tertuliano, Cipriano de Cartago, Orígenes e outros.

Wayne Grudem afirma que a história da Igreja apresenta muitos exemplos de operações dos dons espirituais. Para ele, o dom de profecia foi manifestado até mesmo através de vários líderes cristãos que defenderam a doutrina reformada tais como Samuel Rutherford, John Knox, Charles Spurgeon e outros. Spurgeon foi pastor batista em Londres no século XIX, adepto do calvinismo e considerado por muitos como o príncipe dos pregadores. Grudem conta que Spurgeon, de vez em quando, apontava uma pessoa em seu auditório em Londres, fornecia detalhes sobre a sua vida, o que provocava convicção de pecado e transformação de vida. Certa vez, numa reunião de oração de segunda-feira à noite, Spurgeon, de repente, mudou de assunto e, apontando para um rapaz, disse:lhe: “Meu jovem rapaz, você não pagou por essas luvas que está usando: você as roubou de seu patrão”. Após a reunião, o jovem, muito alarmado, procurou por Spurgeon, arrependido do mal que havia praticado.

Antonio Gouvêa Mendonça comenta que dentro da história do cristianismo, a busca de um contato mais íntimo com Deus passa pelo misticismo, pietismo, movimentos que correm à margem da Igreja oficial. A característica principal desses movimentos é a aversão às normas e doutrinas da Igreja, pois entendem que o Espírito Santo revela tudo o que é necessário para a vida do crente. Mendonça trata sobre o montanismo, o movimento monástico, o dos “begardes” (de beggar, mendigo, pobre), um movimento do Espírito, de origem monástica.

Foi no montanismo, liderado por Montano, que os fenômenos pentecostais encontraram ampla guarida. Segundo uma enciclopédia de história da Igreja Cristã, o montanismo surgiu na Frigia, na Ásia Menor Romana (Turquia), por volta do ano 172. Tertuliano foi um de seus adeptos mais importantes. Montano não tinha cargo eclesiástico e percorria os lugares acompanhado de duas mulheres, Priscila e Maximila, promovendo o que chamou de “Nova Profecia”, conclamando as pessoas para a volta de Cristo. Isso era feito através da voz do “Parácleto”, uma manifestação profética que falava através das duas mulheres na primeira pessoa. Walker comenta que eles se consideravam porta-vozes do Espírito, afirmando que estava próximo o fim do mundo e que a nova Jerusalém seria brevemente estabelecida na Frigia, para onde se dirigiam os fiéis. Como preparo para a próxima consumação, passaram a pregar um asceticismo rigoroso, o celibato, jejuns e abstinência de carne. Preocupados com o avanço do movimento, os bispos da Ásia Menor convocaram um ou mais sínodos, pouco depois de 160 e condenaram o montanismo. 

Segundo relatos hostis, Montano foi, antes de sua conversão ao cristianismo, um sacerdote que profetizava num templo pagão da deusa Cibele, sem qualquer talento ou cultura, mas possuído de um zelo fanático. Um de seus oponentes anônimos informa que Montano perdia o controle de si mesmo, caía em tranze e dizia palavras incompreensíveis, tidas por alguns como a manifestação do dom de orar ou falar em lingua entranha. É dito que Maximila chegou a declarar: “Depois de mim não haverá mais uma profetisa, a não ser o fim”. Apesar das profecias orais dos montanistas terem sido coletadas em livros, apenas alguns de seus fragmentos sobreviveram nos escritos dos Pais da Igreja que foram contrários ao movimento. Quanto a Montano, Philip Schaff informa que os seus adversários concluíram, erradamente, que, devido ao uso da primeira pessoa para o Espírito Santo em suas declarações proféticas, ele afirmava ser o próprio Parácleto, ou, de acordo com Epifânio, até mesmo Deus o Pai.

Schaff informa ainda que, em termos de doutrina, o montanismo esteve em harmonia com a Igreja em geral em todos os pontos essenciais. Tertuliano era considerado bastante ortodoxo para o padrão da época e contribuiu para o desenvolvimento da doutrina da Trindade. Sua adesão ao montanismo foi uma reação ao mundanismo e à frieza que já existia na Igreja daquela época. Foi ele quem usou pela primeira vez o termo latino Trinitas (Trindade) para a natureza do único Deus verdadeiro em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Seus escritos foram grandemente estimados e todos os sínodos que se reuniram para tratar da questão montanista, não o excomungaram.. 

De acordo com Paul Tillich, a supressão do montanismo pelas autoridades da Igreja resultou mais em danos do que em benefícios para o cristianismo:
A igreja cristã excluiu o montanismo do seu seio. Contudo, a vitória sobre o montanismo resultou em perda. Podemos vê-la da seguinte maneira: 1. O cânon venceu sobre a possibilidade de novas revelações. A solução do quarto Evangelho de que sempre haveria novas percepções da verdade, sob a crítica do Cristo, foi, pelo menos, reduzida em poder e sentido. 2. A hierarquia tradicional triunfou contra o espírito profético. Com isto excluía-se, mais ou menos, o espírito profético da igreja organizada levando-o a se abrigar em movimentos sectários. 3. A escatologia perdeu grande parte da importância visível na era apostólica. A organização eclesiástica passou a ocupar o primeiro lugar. A expectativa do fim reduziu-se ao apelo aos indivíduos para que se preparassem para o seu fim pessoal que poderia vir a qualquer momento. Depois desse período a idéia do fim da história deixou de ter importância. 4. A rígida disciplina dos montanistas foi abandonada, substituída pelo afrouxamento crescente dos costumes. O que se passou nesta época tem-se repetido freqüentemente na história da igreja. Surgem pequenos grupos com rigorosa disciplina; tornam-se suspeitos dentro da igreja; separam-se e formam grandes igrejas; em seguida perdem o poder disciplinar original.
As opiniões sobre o montanismo são várias e conflitantes. Para alguns, foi um movimento herético. Para outros, nem tanto assim. Os que condenam o montanismo o fazem alegando que o movimento promoveu e permitiu o abuso dos dons espirituais, principalmente do dom de profecia. A Bíblia de Estudo Pentecostal define assim o dom de profecia, mencionado na Primeira Carta aos Coríntios: “(a) Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (14.24, 25, 29-31). Aqui não se trata da entrega de sermão previamente preparado. (b) Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência. A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento” (14.3, 25, 26, 31). 

As pesquisas revelam que a operação dos dons espirituais não esteve restrita ao montanismo. Kydd demonstra em seu trabalho que manifestações proféticas podem ser encontradas nos escritos do Pastor de Hermas, de Justino Mártir,  no ministério de Inácio de Antioquia e de vários outros. Kydd acrescenta:


Tudo isso demonstra que o ponta de vista e a experiência montanista sobre profecia tinha muito em comum com o que estava acontecendo na Igreja em geral. Os Montanistas haviam se distanciado, até um certo ponto, do quadro que Paulo apresentou em 1Coríntios 14, mas, certamente, eles não foram os únicos: a Igreja estava fazendo o mesmo. Um estudo dos textos das profecias Montanistas e os comentários feitos pelos antigos críticos do movimento apontam, fortemente, para o fato de que, profecia e línguas, dois dons espirituais prominentes dentro da Igreja do Novo Testamento, continuavam entre os Cristãos na segunda metade do II século.


Desde os seus primórdios, o cristianismo não teve dificuldades apenas com a operação dons espirituais. Distorções éticas e doutrinárias tiveram que ser tratadas, regras de interpretação das Escrituras tiveram de ser estabelecidas, além das acaloradas discussões para a definição do cânon. Mesmo assim, os equívocos aconteceram e demandaram correções. Usar o montanismo como desculpa para banir a operação dos dons espirituais da Igreja não é uma boa ideia e nem é, biblicamente, correto. Seria como propor eliminar os programas missionários das igrejas por causa de algum missionário que falhou ou de um programa que não funcionou.

Todo o segmento pentecostal equilibrado e preocupado com a sã doutrina procurará também regular e estabelecer parâmetros bíblicos para a operação dos dons espirituais. Teólogos pentecostais como Donald Gee, Gordon Fee, Stanley Horton, para mencionar alguns, têm demonstrado esse cuidado. É o que se pode observar no comentário de Gee sobre o tema:


Uma das maiores razões porque a operação dos dons de enunciação inspirada é impedida, ou mesmo inteiramente suprimida, está no receio constante de errar, ou na forma de fanatismo ou de falsa inspiração. É bem fácil fazer uma lista dos vários movimentos de inspiração nas igrejas, desde o tempo do montanismo, os quais se iniciaram com a pretensão de reestabelecer o dom de profecia no seu próprio lugar na Igreja, mas findaram em fracasso vergonhoso por causa dos execessos de entusiasmo, ou gradualmente cederam de novo à frieza e à incredulidade das igrejas. Onde tantos já fracassaram, ousaremos esperar bom êxito? – A resposta só pode ser : – “Somente pela graça de Deus”. Há uma coisa ao menos em nosso favor: podemos aproveitar os erros de nossos antepassados, para não errar.


Para os pentecostais de bom senso, quaisquer manifestações sobrenaturais,  sejam dons espirituais, sonhos, visões, revelações, experiências pessois ou colettivas, não têm a mesma autoridade que a Bíblia Sagrada. Todos esses fenômenos devem ser avaliados à luz das Escrituras Sagradas, única regra de fé e prátidca para o cristão. Nos capítulos 12 e 14 de 1Coríntios, a Palavra de Deus fornece as instruções necessárias para a operação dos dons espirituais com o propósito de edificar o corpo de Cristo. As manifestações do dom de profecia devem ser julgadas pela congregação (1Co 14.29) e tudo deve ser feito com ordem e decência (1Co 14.40). Não se pode, em nome do avivmento e do fervor espiritual, conceder espaço para a anarquia na liturgia do culto. Por outro lado, não se pode, em nome da ordem, extinguir o Espírito. A busca de uma prática equilibrada para o funcionamento dos espirituais e a fidelidade à Palavra de Deus são essenciais para o desenvolvimento do ministério cristão.

NOTAS:


1. Paulo Romeiro é pastor na Igreja Cristã da Trindade em São Paulo (www.ictrindade.com.br). 
2. A citação é de Atos 2:1-4.
3. J.D. DOUGLAS, O Novo Dicionário da Bíblia, p. 1265.
4. Ronald A. N. KYDD, Charismatic Gifts in the Early Church.
5.  O Dicionário de Patrística informa que este é o documento mais importante da era pós-apostólica. Não há consenso quanto à sua datação. Alguns datam o documento entre 50 e 70, outros entre 70 e 90 ou entre 110 e 150. A Didaqué é dividida em 16 capítulos. Até o dez, traz um conteúdo litúrgico. Do 11 ao 15, trata da disciplina eclesial. O último capítulo abrange a volta de Cristo (César Vidal MANZANARES, Dicionário de Patrística, p. 78, 79).
6. Wayne GRUDEM. O dom de profecia, p. 459.
7. Antonio G. MENDONÇA, Protestantes, Pentecostais & Ecumênicos, p. 151-152.
8. Walter A. ELWELL (Ed.), Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, volume II, p. 551-    552.
9. Williston WALKER, História da Igreja Cristã, p. 87.
10. Stanley M. BURGESS (Editor). Reaching beyond, p. 119.
11. Ibid, p.120.
12. Philip SCHAFF, History of the Christian Church, volume II, p. 418
13. Ibid, p.420–421.
14. Paul TILLICH, História do Pensamento Cristão, p. 51.
15. Eric E. WRIGHT, Strange fire, p. 68.
16. Biblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembléias deDeus. 1995, p. 1757.
17. KYDD, op. cit., p. 14, 18.
18. KYDD, op. cit., p. 34, 36.
19. Donald GEE, Acerca dos dons espirituais, p. 60.

BIBLIOGRAFIA


BURGESS, Stanley M. Reaching beyond: chapters in the history of perfectionism. Peabody, Massachusetts. Hendrickson Publishers. 1986.
DOUGLAS, J.D.  O Novo Dicionário da Bíblia.  São Paulo: Vida Nova, 1991.
ELWELL.Walter A. (Ed.). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova, 1990. (vol. II).
GEE, Donald. Acerca dos dons espirituais. Pindamonhangaba, SP. IBAD (Instituto Bíblico das Assembléias de Deus). 1985.
GRUDEM, Wayne. O dom de profecia: Do Novo Testamento aos dias atuais. São Paulo. Editora Vida. 2004.
KYDD, Ronald A.N. Charismatic Gifts in the Early Church. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1984.
MANZANARES, César Vidal. Dicionário de Patrística. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1995.
MENDONÇA, Antonio Gouvêa. Protestantes, pentecostais e ecumênicos. São Bernardo do Campo: Umesp, 1997.
SCHAFF, Philip. History of the Christian Church. WM. B. Eerdmans Publishing Company. Grand Rapids, Michigan.Volume II. 1985.
TILLICH, Paul.  História do Pensamento Cristão.  São Paulo: ASTE, 1988.
WALKER, Williston.  História da Igreja Cristã.  São Paulo: ASTE, 1967. (vol. I).
WRIGHT, Eric E. Strange Fire? : Assessing the Vineyard movement and the Toronto Blessing. Darlington, Durham, England. Evangelical Press.1996.


Que o SENHOR tenha misericórdia de nós! AMÉM!

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